O Irã parece ter voltado atrás, nesta
sexta-feira, na decisão de apedrejar até a morte uma mulher de 43 anos
condenada por adultério, em um caso que mobilizou a opinião pública
internacional. O advogado de Sakineh Mohammadi Ashtiani, no entanto,
disse que ela ainda pode ser executada por outro método.
Segundo a informação das autoridades
judiciais competentes no Irã, (a condenada) “[...] não será executada
por apedrejamento”, informou a embaixada do Irã no Reino Unido, em
comunicado divulgado na noite de quinta-feira e publicado na íntegra
hoje pelo jornal britânico “The Times”.
O texto não diz, em nenhum momento, que a
pena de morte foi revogada. O advogado de Ashtiani, Mohammad Mostafavi,
disse que sua cliente “continua na prisão” e que não foi informada de
nenhuma decisão das autoridades iranianas de suspender a sentença.
“Não diz se a pena foi anulada, se foi trocada por outra, se será solta ou se haverá um novo julgamento”, disse o advogado.
ESPERANÇA
Mãe de dois filhos, Ashtiani recebeu 99
chicotadas após ter sido considerada culpada, em maio de 2006, de ter
uma “relação ilícita” com dois homens. Depois, foi declarada culpada de
“adultério estando casando”, crime que sempre negou, e condenada a morte
por apedrejamento.
O recente anúncio de que a aplicação da
pena “poderia ser iminente” despertou uma grande mobilização
internacional, e países como França, Reino Unido, EUA e Chile
expressaram suas críticas à decisão de Teerã.
O filho da condenada, Sajad, explicou ao
jornal britânico “The Guardian” que falou com a mãe e ela se mostrou
esperançosa com a mobilização internacional.
“Deram-me permissão para falar com ela e
estava muito agradecida com todas as pessoas do mundo por apoiá-la”,
disse por telefone ao jornal. “Foi a primeira vez em anos que escutei
alguma esperança na voz de minha mãe.”
ONDA DE CRÍTICAS
A organização de defesa dos direitos
humanos Anistia Internacional pediu nesta sexta-feira que o Irã perdoe a
vítima, alegando que “uma simples mudança do método de execução” não
era suficiente diante da “injustiça”.
”Castigar –e em alguns casos executar–
as pessoas por manterem relações nas quais há consentimento mútuo não é
assunto do Estado”, declarou Hassiba Hadj Sahraoui, vice-diretora do
programa Oriente Médio da Anistia.
A organização afirmou em comunicado que há pelo menos outros dez casos de pessoas condenadas a morte por apedrejamento.
O ministro de Relações Exteriores da
França, Bernard Kouchner, pediu que as autoridades iranianas escutem “os
pedidos que vêm do Irã e do mundo para que triunfe o sentimento de
humanidade”.
Seu colega britânico, William Hague,
qualificou a morte por apedrejamento de “castigo medieval”. “Se isso for
feito, vai levar indignação e horror ao mundo.” Os Estados Unidos
consideraram “selvagem” e “uma forma legalizada de morte mediante
tortura”. Já o Chile pediu que Teerã “proteja o direito à vida e
integridade física” da vítima. Além disso, mais de 80 personalidades do
mundo político e cultural assinaram uma carta aberta, expressando seu
“horror e consternação” e pedindo que o Irã “reveja o caso”. Entre os
signatários estão a ex-secretária de Estado americana Condoleezza Rice; o
prêmio Nobel da Paz José José Ramos Horta; e os atores Robert Redford,
Emma Thompson e Robert de Niro. Com informações da Agência Folha
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