quarta-feira, 31 de março de 2010

VISÃO DE GALINHA - (LUCAS 9:62)


A galinha tem uma visão deficiente: seus olhos laterais não lhe permitem fixar ambos num mesmo alvo. Para pegar um grão ela inclina a cabeça porque o vê com apenas um dos olhos. Como galinhas, há cristãos que têm olhos laterais, que nunca olham simultaneamente na mesma direção - um olho está em Jesus e o outro no mundo.

Tais cristãos com visão de galinha são bem retratados pelo exemplo do filho pródigo. Um olho estava no pai, o outro no mundo. Por isso o mundo o seduziu. Acabou por voltar cabisbaixo, maltrapilho, sem autoridade (Lucas 15:11). Sua visão lateral tornou-o presa fácil do inimigo.

Deus não nos chamou para termos visão de galinha. A galinha só olha para os lados e para baixo! Nunca para o alto. Toda a sua expectativa está ligada ao chão. A galinha tem asas, mas não levanta vôo. Ela tem olhos, mão não visão definida. Tem bico, mas não ataca. Tem pés, porém não é ligeira. Tem garras, mas não se defende. O destino da galinha é ser caça. Seu mundo se resume num quintal. Quem, como uma galinha, tem olhar dispersivo ou vive olhando para o chão, jamais teve uma visão real de Jesus.

Estevão teve uma visão de Jesus, e seu rosto brilhou (Atos 6:15 e 7:55). Paulo, quando se deparou com Jesus, caiu prostrado ao chão (Atos 9:4). O apóstolo João ressalta: “quando o vi, caí a seus pés como morto...” (Apocalipse 1:17). Jesus quer se revelar a nós para ampliar nossa visão para além dos limites do “quintal” em que talvez você tenha vivido até agora. Deus nos habilitou a enxergar sem distração, sem dispersão. Deus não nos criou com olhos laterais.

A Galinha tem uma visão lateral, ela sempre esta virando a cabeça para melhor focar seu alvo ocular. No fim do entardecer para a noite, ela vai ficando "cega" - sua visão fica muito deficiente em quase 100%.

Jesus disse que quem quiser segui-lo terá que aprender a olhar para frente! (Lucas 9:62) - E Jesus lhe disse: Ninguém, que lança mão do arado e olha para trás, é apto para o reino de Deus.
...

O CARVALHO - UMA LIÇÃO DA NATUREZA


(Isaías 6:13) - Porém ainda a décima parte ficará nela, e tornará a ser pastada; e como o carvalho, e como a azinheira, que depois de se desfolharem, ainda ficam firmes, assim a santa semente será a firmeza dela.

Todas as vezes que nos deparamos com problemas na vida observamos o quanto somos frágeis. Por outro lado, o Criador nos deixa lições interessantes em sua criação que, se observadas, muito podem nos ajudar a vencer as adversidades.

O carvalho é uma árvore usada pelos botânicos e pelos geólogos como um medidor de catástrofes naturais. É a árvore que mais absorve as conseqüências de temporais. Quanto mais temporais e tempestades o carvalho enfrenta, mais forte fica! Suas raízes naturalmente se aprofundam e seu caule se torna mais robusto, sendo quase impossível uma tempestade arrancá-lo do solo ou derrubá-lo. Pelo fato dela absorver as conseqüências das tempestades, a robusta árvore, às vezes, assume uma aparência disforme, como se realmente tivesse feito muita força. Para um carvalho cada temporal é mais um desafio a ser vencido e não uma ameaça.

Devemos tirar proveito das situações contrárias à nossa vida e ficar mais fortes, mais experimentados na fé, mas edificados. Somente com esta propensão é que conseguiremos praticar o que nos ensina a Palavra: “Posso todas as coisas naquele que me fortalece” (Filipenses 4:13). Se aprendermos a lição do carvalho seremos capazes de concordar com Davi: “Ainda que eu ande pelo vale da sombra da morte não temerei mal algum, porque tu estás comigo” (Salmos 23:4).

Se você estiver passando por problemas muito grandes, comporte-se como o carvalho. Certamente, será só mais uma tempestade que irá torná-lo ainda mais forte.

CUIDADO COM A MÁ VONTADE!

A má vontade é um desastre. Se você demonstra uma contínua má vontade vai jogar fora inúmeras oportunidades e abrir um enorme fosso entre você e seus chegados. Vai ter sérios problemas com o cônjuge e com os filhos. Se ninguém mais o procura por causa da sua irritante má vontade, a culpa é totalmente sua.

Veja a história daquele casal em lua-de-mel. Ela estava dormindo quando ouviu a voz do seu amado batendo à porta. Ela não se levantou para abrir-lhe a porta. Teve ou fingiu ter má vontade: "Já despi a minha túnica, hei de vesti-la outra vez? Já lavei os meus pés, tornarei a sujá-los?" Mas quando viu a mão do amado aparecer no quarto através de uma fresta, o coração se comoveu e ela se levantou e destrancou a porta. O rapaz, todavia, não estava mais ali. Já se retirara e tinha ido embora. Ela o chamou, e ele não respondeu; ela o buscou e não o encontrou. A moça vestiu a túnica, calçou as sandálias e foi atrás do amado até achá-lo (Cantares 5:2-8).

Quando a má vontade se instala entre você e Deus, a situação se torna muito arriscada. Veja a má vontade daqueles três convidados para comer no banquete do Reino de Deus: o primeiro disse que não ia porque tinha acabado de comprar uma propriedade e precisava vê-la; o segundo porque tinha acabado de comprar cinco juntas de bois e precisava experimentá-las e o terceiro porque tinha acabado de se casar e precisava estar com a mulher. Todos os três perderam a vez e outros tomaram os seus lugares (Lucas 14:15-23).

A má vontade clássica de Jerusalém para com Jesus Cristo custou a sua destruição. O mais nostálgico lamento de Jesus é a respeito: "Jerusalém, Jerusalém, quantas vezes eu quis abraçar todo o seu povo assim como a galinha ajunta os seus pintinhos debaixo das suas asas, mas você não quis! Agora a sua casa ficará abandonada" (Mt 23:37-38). Menos de quarenta anos depois, no ano 70, a cidade foi cercada e arrasada pelo general Tito.

A disposição favorável é muito melhor que a disposição desfavorável. A boa vontade segue um caminho de glória e a má vontade, um caminho de morte. Tenha a coragem de romper com a sua má vontade e passe hoje mesmo para o outro lado.

terça-feira, 30 de março de 2010

Risco de jovem negro ser morto é 130% maior, diz ONG

Mapa da Violência

A desigualdade entre as duas populações, que já era expressiva, aumentou de forma assustadora em cinco anos

O risco de um jovem negro ser vítima de homicídio no País é 130% maior que o de um jovem branco, segundo o Mapa da Violência - Anatomia dos Homicídios no Brasil, estudo que compreende o período de 1997 a 2007 e que está sendo divulgado nesta terça em São Paulo pelo Instituto Sangari, com base nos dados do Subsistema de Informações de Mortalidade do Ministério da Saúde.

A desigualdade entre as duas populações, que já era expressiva, aumentou de forma assustadora em cinco anos. Em 2002, morria 1,7 negro entre 15 a 24 anos para cada jovem branco da mesma faixa etária. Em 2007, essa proporção saltou para 2,6 para 1.

O abismo entre os índices de homicídio é resultado de duas tendências opostas. Nos últimos cinco anos, o número de mortes por assassinato entre a população jovem branca apresentou uma redução significativa: 31,6%. Entre negros, o movimento na direção contrária, um aumento de 5,3% das mortes no período. "Brancos foram os principais beneficiados pelas ações realizadas de combate à violência. Temos uma grave anomalia que precisa ser reparada", diz Julio Jacobo, autor do estudo.

O trabalho revela que em alguns Estados as diferenças de risco entre as populações são ainda mais acentuadas. Na Paraíba, por exemplo, o número de vítimas de homicídio entre negros é 12 vezes maior do que o de brancos. Em 2007, a cada cem mil brancos eram registrados 2,5 assassinatos. Entre a população negra, no mesmo ano, os índices foram de 31,9 homicídios para cada cem mil.

"As diferenças sempre foram históricas no Estado. Mas as mudanças nesses últimos cinco anos foram muito violentas", avalia Jacobo. Paraíba seguiu a tendência nacional: foi registrada a redução do número de vítimas entre brancos e um aumento do número de assassinatos entre negros.

Pernambuco vem em segundo lugar: ali morrem 826,4% mais negros do que brancos. Rio de Janeiro ocupa a 13ª posição, com porcentual de mortes entre negros 138,7% maior do que entre brancos. São Paulo vem em 21º lugar, onde morrem 47% mais negros do que brancos. O Paraná é o único Estado do País onde a população branca apresenta maior risco de ser vítima de homicídio - proporcionalmente morrem 36,8% mais brancos do que negros.

População masculina

A esmagadora maioria dos assassinatos no País ocorre entre a população masculina. Em 2007, 92,1% dos homicídios foram cometidos contra homens. Na população de jovens, essa proporção foi ainda maior: 93,9%. O Espírito Santo foi o Estado que apresentou maior taxa de homicídios entre mulheres: 10,3 por cem mil, seguida de Roraima, com 9,6. O Maranhão foi o Estado com o menor indicador. Foram registradas 1,9 morte a cada cem mil mulheres.

O estudo conclui ainda que não é a pobreza absoluta, mas as grandes diferenças de renda que forçam para cima os índices de homicídio no Brasil. O trabalho fez uma comparação entre índices de violência de vários países com indicadores de desenvolvimento humano e de concentração de renda. "Claro que as dificuldades econômicas contam. Mas o principal são os contrastes, a pobreza convivendo com a riqueza", afirma Jacobo.

Paraná sobe da 14ª para a 9ª posição entre os estados com mais homicídios

Só em 2007 foram assassinadas 3.112 pessoas no Paraná, média de oito por dia. Em dez anos, o número de homicídios chega a 25,5 mil no estado

30/03/2010 | 16:10 | Gladson Angeli, com Agência Brasil atualizado em 30/03/2010 às 19:32


Receba notícias pelo celular
Receba boletin

A taxa de homicídios no Paraná cresceu 70% de 1997 a 2007, elevando o estado da 14ª para a 9ª posição entre os com maiores índices. Os dados são do estudo Mapa da Violência 2010 – Anatomia dos Homicídios no Brasil divulgado nesta terça-feira (30), pelo sociólogo Julio Jacobo Waiselfisz, do Instituto Sangari. O Paraná seguiu a tendência contrária da taxa nacional, que registrou queda de 0,7 nos assassinatos na década.

Segundo o estudo, o número de homicídios no Paraná passou de 17,3 por 100 mil habitantes em 1997 para 29,6 em 2007. O índice nacional passou de 25,4 para 25,2 na década considerada. Mesmo com a queda, o número total de assassinatos ainda impressiona. Em 2007 aconteceram 47,7 mil homicídios no país, o que representa 131 vítimas diárias.

No Paraná, o número vem crescendo gradativamente desde 1997. Só em 2007 foram assassinada 3.112 pessoas, média de oito homicídios por dia. Na década analisada morreram por homicídio aproximadamente 25,5 mil pessoas no estado, em todo Brasil foram 512 mil assassinatos.

Divulgação/Mapa da Violência 2010

Divulgação/Mapa da Violência 2010 / O Paraná, junto com o Para e Alagoas foram os estado que mais cresceram no ranking

O Paraná, junto com o Para e Alagoas foram os estado que mais cresceram no ranking

A pesquisa se baseia em dados do Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM) do Ministério da Saúde.

Interior

A taxa de homicídios no interior do país cresceu de 13,5 (a cada 100 mil) em 1997 para 18,5 em 2007. De acordo com o estudo, os dados indicam o fenômeno da “interiorização da violência”, que começou na virada do século, e consiste no deslocamento dos polos dinâmicos da violência das capitais e regiões metropolitanas para o interior.

Além disso, o estudo mostrou que desde 1980 a violência continua crescendo entre os jovens brasileiros. Se a cada 100 mil jovens (entre 15 e 24 anos) 30 deles morriam por homicídio em 1980, o número saltou para 50,1 em 2007.

“Assim, pode-se afirmar que a história recente da violência que resulta em homicídio, no Brasil, é a história do crescimento dessa violência entre jovens. Uma não terá solução sem a outra”, afirma Waiselfisz no estudo, segundo o qual 512,2 mil pessoas morreram no Brasil vítimas de homicídio entre 1997 e 2007.

De acordo com o Mapa da Violência, em mais de 90% desses casos de homicídio as vítimas eram homens e os mais atingidos período foram os negros: se em 2002 morriam 46% mais negros do que brancos, em 2007 a proporção cresceu para 108%.

A Secretaria de Estado da Segurança Pública (Sesp) do Paraná questionou a metodologia utilizada na pesquisa, alegando que os dados fornecidos pelas cidades através do sistema do Ministério da Saúde não refletem a realidade. “O próprio Ministério da Justiça acredita que para haver a comparação através de ranking é preciso criar um banco de dados CRIMINAL (sic) único em todos os estados para que só a partir deste momento seja estabelecido um ranking da criminalidade”, informou a secretaria em nota.

quinta-feira, 11 de março de 2010

A Oração que Atrai a Atenção de Deus

Se o meu povo, que se chama pelo meu nome, se humilhar, e orar (...) eu perdoarei (...) e sararei a sua terra(2 Cr 7.14)

O Propósito e a Importância da Oração

Cameron V. Thompson, no seu livro The Master Secrets of Prayer (“Os Principais Segredos da Oração”), usou esta ilustração: “Uma pobre alma ingressou na escola de oração depois de chegar ao inferno. Pediu alívio para a sua agonia; foi rejeitada. Pediu que um mendigo advertisse os seus irmãos; foi-lhe recusado. Dirigiu sua oração a Abraão, um homem; não conseguia localizar Deus. Não ousou pedir para sair, pois entendia claramente que estava além de qualquer esperança. Ele é o homem que não orava na terra, não foi respondido no inferno e que continuará sofrendo, porque tentou aprender a orar tarde demais” (Veja Lucas 16.19-31).

Ao vermos a decadência moral e o afastamento de Deus na sociedade e na igreja, nenhum cristão sério duvida da necessidade de um poderoso avivamento, vindo dos céus, que abalará a igreja atual até os seus alicerces. Isso trará uma purificação e uma outorga de poder que virarão as nações pelo avesso, de tal modo que o nosso modo de vida atual será visto como totalmente inaceitável diante de um Deus santo. Isso se torna cada vez mais urgente, “tanto mais quanto vedes que o dia se aproxima” (Hb 10.25; Ap 22.12).

Torna-se imperativo, portanto, para a igreja de Jesus dobrar os seus joelhos em obediência e oração. A cultura hoje está tão embriagada com sexo e diversões obscenas, tão orgulhosa de sua “mente aberta” e liberal que qualquer pensamento mais sério a respeito de Deus é totalmente excluído. A.W.Tozer tinha razão quando disse: “O mundo ocidental segue rindo e se divertindo, enquanto caminha diretamente para o inferno”.

A Relação entre Oração e Avivamento

Wesley Duewel, no seu livro Revival Fire (Fogo do Avivamento), diz: “Na história da Igreja, cada vez que veio um avivamento, primeiro houve um período prolongado de oração e busca da face de Deus por alguns dos seus filhos”. É por isso que queremos entender qual a oração que consegue obter a atenção de Deus. Sabemos que há uma relação íntima entre oração e obediência. Podemos perguntar: “O que é mais importante?” ou: “O que vem antes, a obediência ou a oração?” Para isso, precisamos olhar na Escritura e ver o que Deus diz.

O Trabalho de Deus: O Espírito Santo nos Atrai

À medida que Deus atrai o homem e se revela a ele, este tem a oportunidade de aceitá-lo e segui-lo, o que resulta em perdão e salvação; ou rejeitá-lo, com o resultado da eterna separação do seu amor (Mc 16.16). Aqueles que atenderem ao seu chamado encontrarão perdão, alegria indescritível e maravilhosa comunhão com Cristo, seu Salvador. “A bondade de Deus é que te conduz ao arrependimento” (Rm 2.4). Essa é a razão para a cruz! (Veja também Jr 31.3; Jo 6.44; 12.32).

Davi disse: “Como suspira a corça pelas correntes das águas, assim, por ti, ó Deus, suspira a minha alma” (Sl 42.1).

Deus disse: “Derramarei água sobre o sedento, e torrentes sobre a terra seca” (Is 44.3). Também: “Buscar-me-eis, e me achareis, quando me buscardes de todo o vosso coração” (Jr 29.13).

Nosso Trabalho: Somente Nossa Obediência é Aceitável a Deus

A Escritura nos mostra claramente que o trabalho e a carga do Espírito Santo é levar-nos a Cristo, revelando assim seu amor, sua beleza e sua santidade. Isso resulta em nós duas coisas: seguirmos a ele bem de perto e obedecermos-lhe completamente, abandonando tudo nas nossas vidas que não vem dele (1 Sm 15.22; Ml 3.7; Jr 7.23; 2 Co 10.5).

Nosso Meio de Comunicação com Ele – A Oração

Ele nos atrai. Nós desejamos segui-lo em completa obediência. Queremos conhecer aquele que nos amou e nos libertou do pecado. Nosso maior desejo, agora, é estar na sua presença e ter comunhão com ele. Isso é oração.

Observe: Samuel, quando ainda menino, orou assim no templo: “Fala, Senhor, porque o teu servo ouve” (1 Sm 3.9-10; veja também Hb 4.16 e Fp 4.6).

Nota: O exercício ou o ato de orar significa muito pouco se não estiver acompanhado de um espírito submisso e obediente.

Como nos Aproximamos de Deus?

Se o meu povo (...) se humilhar e orar...” (2 Cr 7.14)

Em humildade. Em Lucas 18.14, lemos que aquele “que se exalta será humilhado, mas o que se humilha será exaltado”. Uma pessoa orgulhosa vê somente a si mesma, a seus feitos e a suas conquistas, e isso a torna cega para as suas falhas e pecados. Um homem humilde vê a si mesmo como Deus o vê e não fica feliz com o que vê, o que o força a se voltar para Cristo (Lucas 18.13 ; 1 Pe 5.5).

Cuidado com os Bloqueios

Nas Escrituras, Deus afirma que ouve as orações dos seus filhos somente se as mãos deles estiverem limpas e os corações puros (Sl 66.18; 24.3-5; Is 1.15). Acredita-se em geral que o Deus de amor sempre tem o seu ouvido aberto para os clamores dos seus filhos. No entanto, através de todas as Escrituras Deus diz o contrário.

O primeiro capítulo de Isaías, do início ao fim, trata com essa situação. Muitos dos filhos de Deus andavam pelos seus próprios caminhos, confiando na sua relação com Jeová como um cartão de crédito válido para receber bênçãos do Senhor “à vontade”. Não pareciam compreender que eram descritos por Deus como um povo “carregado de iniqüidade”, com uma cabeça “toda doente”, tendo “contusões e chagas inflamadas” desde a planta do pé até à cabeça (Is 1.4-6). Deus rejeitou seus sacrifícios e sua adoração por serem hipócritas e disse: “Quando estendeis as vossas mãos em oração, escondo de vós os meus olhos; sim, quando multiplicais as vossas orações, não as ouço...” (Is 1.15).

Entretanto, mesmo diante desse tipo de evidente frieza, desobediência e rejeição dos seus apelos, Deus lhes disse: “...ainda que os vossos pecados sejam como a escarlata, eles se tornarão brancos como a neve; ainda que sejam vermelhos como o carmesim, se tornarão como a lã. Se quiserdes, e me ouvirdes, comereis o melhor desta terra” (Is 1.18-19).

Os cristãos hoje em dia estão iludidos quando pensam que, enquanto estiverem orando e praticando as formas exteriores de adoração, eles têm o direito de ir para Deus com suas necessidades, grandes ou pequenas, e que Deus tem a obrigação de ouvir e atendê-los. Contudo, ele diz muito claramente que se houver pecado no meu coração “o Senhor não me ouvirá” (Sl 66.18). Ele ouvirá, sim, os clamores daqueles que realmente querem voltar para ele (Ml 3.7) e que estão determinados a andar com ele de ora em diante. Somente o nosso Deus poderia ser tão amoroso, paciente e pronto a perdoar.

Leia as suas palavras em Oséias 14.4: “Eu curarei a infidelidade deles e os amarei de todo o meu coração, pois a minha ira desviou-se deles” (NVI).

Que Lugar Tem a Oração em Relação ao Avivamento?

Leonard Ravenhill, no seu livro Revival Praying (“Orando Para Avivamento”), faz uma pergunta que precisa ser respondida hoje. “Estamos nós, os que ainda temos as brasas vivas no nosso altar, nos comparando com os altares apagados das igrejas vizinhas, ao invés de avaliar o ardor de oração dos santos de gerações passadas? O mundo alardeia o seu poder atômico, alguns cultos se vangloriam do seu poder satânico, mas onde estão aqueles que buscam o poder do Espírito Santo?”

Com freqüência, substituímos a oração por excessivas atividades religiosas, quando Deus deseja gravar dentro de nós o “aquietai-vos e sabei que eu sou Deus” (Sl 46.10). Alguém disse que quando Deus pretende exercer grande misericórdia sobre o seu povo, a primeira coisa que faz é levá-lo à oração. Somente quando alguns dentre o povo de Deus se dispõem a orar até que Deus quebre o casulo da zona de conforto do homem é que podemos esperar uma visitação do trono de Deus. Isso pode levar dias, ou até meses, mas a promessa de Deus será cumprida: “Derramarei água sobre o sedento, e torrentes sobre a terra seca” (Is 44.3).

Brian Edwards disse: “Os homens que Deus usou em avivamentos sempre tiveram um elevado conceito de Deus e foram hipersensíveis ao pecado, muito antes do avivamento começar. Provavelmente, a nossa falta de oração hoje, juntamente com a ausência de santidade nas vidas dos líderes cristãos, tem convencido a Deus de que não estamos muito sérios quando pedimos que nos mande um avivamento”.

Oração nas Hébridas

Duncan Campbell [evangelista no avivamento das Hébridas em 1949] relatou os acontecimentos nos dias que antecederam o avivamento:

Era a reunião semanal de oração. Tinha havido uma intensa oposição ao Evangelho no vilarejo e, embora muitos tivessem vindo de outros locais para participarem das reuniões, havia pouquíssimos da própria localidade. Um líder da igreja sugeriu que fossem orar, e umas trinta pessoas se dirigiram para a casa de um fazendeiro simpatizante. A oração era difícil, mas, lá pela meia-noite, Duncan voltou-se para o ferreiro local que até então estivera calado e lhe disse: “Sinto que chegou a hora de você orar”.

O homem orou por cerca de meia hora, porque em avivamentos o tempo não é levado em conta, e finalmente encerrou sua oração com um desafio ousado: “Deus, tu não sabes que a tua honra está em jogo? Tu prometeste derramar torrentes em terra seca, mas isso não está acontecendo”. Por um momento, houve uma pausa, mas em seguida, ele concluiu: “Deus, a tua honra está em jogo, e eu te desafio a cumprir os teus compromissos de aliança”.

“Naquele momento”, lembra Duncan Campbell, “toda aquela casa de pedra tremeu como uma folha”. Um dos presbíteros achou que era um terremoto, mas Duncan se lembrou de Atos 4.31: “Tendo eles orado, tremeu o lugar onde estavam reunidos...” Duncan Campbell ministrou a bênção, e eles saíram da casa. Eram duas horas da madrugada, mas todo o vilarejo estava aceso, incendiado por Deus. Homens e mulheres carregavam cadeiras e perguntavam se havia lugar para eles na igreja! (De Revival, A People Saturated With God, de Brian Edwards – Avivamento, Um Povo Saturado por Deus).

Pergunta: Será que temos uma base em oração para poder desafiar Deus dessa maneira?

Pode Alguém Orar pelo Avivamento?

A resposta é sim! Entretanto, a pergunta deveria ser: Quem pode mover Deus para que envie o avivamento? No Salmo 24.3-5, o salmista pergunta: “Quem subirá ao monte do Senhor? Quem há de permanecer no seu santo lugar? O que é limpo de mãos e puro de coração” – aquele que está totalmente entregue a ele. Ou seja, quem está qualificado para orar é aquele que perscrutou o seu coração diante de Deus, recebeu purificação e agora está apto a chamar a presença do Espírito de Deus sobre o seu povo.

No versículo cinco, ele afirma que tal pessoa será ouvida e receberá a bênção do Senhor. Isso se refere ao poder do Espírito Santo. É a bênção, não uma bênção. Aqui o nosso relacionamento pessoal com Deus assume uma importância primordial. Deus ouve as orações daqueles que têm um relacionamento com ele por meio do sangue e não estão em divergência com um irmão ou uma irmã em Cristo. Divergência sempre causará um bloqueio na nossa oração (Mt 5.23-24).

Alguém disse: “Corações manchados que comandam mãos manchadas não podem utilizar os recursos de Deus”. A pergunta é: O nosso relacionamento com Deus é pra valer? Estamos prontos a pagar o preço do avivamento? Sabemos que a oração é dispendiosa e exigente. Em outras palavras, requer perseverança. Implica negar-se a si mesmo – morrer todos os dias, voluntariamente.

Deus Responderá Nossas Orações?

Como filhos de Deus, podemos escolher entre orar eficazmente e apresentar desculpas. Freqüentemente, escolhemos a saída humana e mais simples, oferecendo desculpas por nosso fracasso em tocar em Deus. Por exemplo, é porque estamos cansados. Não tivemos tempo para orar. Apontamos para a frieza ou os problemas na nossa família e igreja, ou para a época em que vivemos como motivos da nossa falta de oração. Até mesmo alguns pastores e missionários são ousados a ponto de pôr a culpa em Deus, dizendo que já que Deus é soberano, não deve ter chegado a sua hora de descer do céu com fogo.

Será que não é porque o “nosso armário está vazio”? Porque a frieza tomou conta de nós? Será que o pecado embotou a nossa sensibilidade à voz de Deus? Temos tantos deuses deste mundo que não há mais tempo nem energia. Se abrigarmos na nossa vida algo que sabemos ser pecado, isso definitivamente nos impedirá de orarmos a Deus (Sl 66.18). Isaías disse ao povo de Deus: “Mas as vossas iniqüidades fazem separação entre vós e o vosso Deus; e os vossos pecados encobrem o seu rosto de vós, para que vos não ouça” (Is 59.2).

Se Elias estivesse aqui, ele bradaria: “Até quando coxeareis entre dois pensamentos? Se o Senhor é Deus, segui-o; se é Baal, segui-o” (1 Rs 18.21). Deus diz para todos aqueles que estão famintos por ver o fogo de Deus descer sobre a sua igreja hoje: “Buscar-me-eis, e me achareis, quando me buscardes de todo o vosso coração” (Jr 19.13). No Evangelho de Mateus, Cristo diz: “Pedi, e dar-se-vos-á...” (7.7). Paulo nos diz que “tudo é vosso” (1 Co 3.21).

Oração Desesperada


Quando realmente queremos que Deus venha, descobrimos que verdadeira oração é trabalho. Satanás dedicará todos os seus esforços no sentido de impedir-nos de tocar o trono de Deus. Há um preço a pagar – um preço, talvez, de longas horas, noites sem dormir, sondagens do coração e, possivelmente, de “faxinas” da nossa casa interior (Sl 66.18).

Oração significa negar a si mesmo e, talvez, colocar de lado as coisas das quais gostamos ou que gostaríamos de fazer, a fim de dar a Deus tempo para implantar a carga do seu Espírito nos nossos corações. É nesse ponto que começamos a desfrutar da vitória à medida que começamos a obedecer plenamente aos toques interiores do Espírito, deixando o Espírito Santo tomar o controle.

Agora, o nosso Pai ouvirá as nossas orações. Não é o que o presbítero no avivamento das Hébridas quis dizer quando exclamou: “Amigos, é muita falsidade ficar esperando e orando, esperando e orando, se os nossos corações não estão em dia com Deus”?

Duncan Campbell afirmava que “desejar o avivamento é uma coisa; expectativa confiante de que nosso desejo será atendido é outra! Deus freqüentemente leva o seu povo ao ponto de desespero antes que ele envie o avivamento; somente então é que eles aprendem que ‘sem mim nada podeis fazer’” (João 15.5). Que Deus nos dê pessoas desesperadas!

Conclusão

Deus está buscando uma pessoa e um povo que sejam sérios, sedentos e desesperados por uma poderosa visitação divina sobre nós.

1. Ele exige que as mãos e os corações de tais pessoas sejam limpos diante de Deus e diante dos homens (Sl 24.1-5).

2. Uma vez que as condições estabelecidas em 2 Crônicas 7.14 sejam atingidas, Deus procura aqueles que vão orar, esperar e confiantemente aguardar que Deus cumpra a sua promessa.

Acreditamos que Deus cumprirá a sua promessa de voltar-se para nós, se nós nos tivermos voltado a ele total e incondicionalmente? (Ml 3.7). A resposta é Sim, ele será fiel à sua promessa! Deus está mais ansioso para vir ao seu povo num maravilhoso avivamento de purificação e visitação divina do que o seu povo está para se entregar totalmente a ele!

Se realmente queremos ver Deus descer com fogo purificador sobre nós e sobre todo o seu povo, será que estamos prontos a nos gastar por muito tempo diariamente em oração? Lembremo-nos de que Deus nos pediu para nos humilharmos diante dele e orarmos. Então Deus ouvirá do céu (2 Cr 7.14).

De Revival – God’s Proven Method of Awakening His Church (Avivamento – Método Provado de Deus para o Despertamento da Sua Igreja), de Edgar H Lewellen.

quarta-feira, 10 de março de 2010

Persistência na Oração...

“Eu lhes digo: Embora ele não se levante para dar-lhe o pão por ser seu amigo, por causa da importunação [persistência] se levantará e lhe dará tudo o que precisar” (Lc 11.8).

“Então Jesus contou aos seus discípulos uma parábola, para mostrar-lhes que deviam orar sempre e nunca desanimar. [...] Ouçam o que diz o juiz injusto. Acaso Deus não fará justiça aos seus escolhidos, que clamam a ele dia e noite? Continuará fazendo-os esperar? Eu lhes digo: Ele lhes fará justiça, e depressa” (Lc 18.1,6-8).

Nosso Senhor considerou de tamanha importância que soubéssemos da necessidade de perseverança e importunação na oração que contou duas parábolas para esse fim. Isso é prova suficiente de que temos nesse aspecto da oração, ao mesmo tempo, sua maior dificuldade e seu maior potencial. Jesus queria que entendêssemos que nem tudo na oração seria fácil e tranqüilo; devemos esperar dificuldades que só podem ser superadas através de perseverança persistente e determinada.

Nas parábolas o Senhor mostra as dificuldades como se existissem do lado das pessoas a quem se faziam as petições; a importunação, portanto, era necessária para vencer a relutância delas em ouvir. Entretanto, nas nossas orações a Deus, a dificuldade não está do lado dele e, sim, do nosso. Na primeira parábola Jesus nos afirma que o Pai está mais disposto a dar boas coisas àqueles que lhe pedem do que qualquer pai terreno em dar pão para seu filho (Lc 11.11-13).

Na segunda parábola, Jesus nos assegura que Deus anseia por fazer justiça prontamente aos seus escolhidos. Portanto a necessidade de oração urgente não pode ser porque Deus precisa ser convencido ou tornar-se mais disposto a abençoar. A necessidade encontra-se inteiramente em nós mesmos. Porém, como não era possível achar um pai amoroso ou um amigo disposto que pudesse servir para ensinar a lição indispensável de importunação, Jesus recorreu à ilustração de um amigo indisposto e de um juiz injusto para nutrir em nós a fé de que a perseverança pode vencer qualquer obstáculo.


A Raiz da Dificuldade em Nós

A dificuldade não está no amor ou no poder de Deus, mas em nós mesmos e na nossa própria incapacidade de receber a bênção. Ao mesmo tempo, como existe essa dificuldade com nossa falta de preparo espiritual, há uma dificuldade do lado de Deus também. Sua sabedoria, sua justiça e seu amor não ousam nos dar aquilo que nos faria mal, caso o recebêssemos de forma muito rápida ou muito fácil. O pecado, ou a conseqüência do pecado, que impede Deus de nos dar as coisas imediatamente é, ao mesmo tempo, uma dificuldade do lado de Deus e do nosso também. A necessidade de romper a barreira e o poder do pecado em nós mesmos ou naqueles por quem oramos é o que transforma a oração numa luta e peleja tão intensa e real.

Em todas as épocas, os homens têm orado sentindo a existência de barreiras reais no mundo espiritual que precisavam ser vencidas. Suplicavam a Deus para que removesse os obstáculos desconhecidos. Através de tais súplicas persistentes, eram conduzidos a um estado de pleno quebrantamento e impotência, de total entrega a Deus, de união com a sua vontade e de fé viva que movia o seu coração. As barreiras em suas vidas e nos lugares celestiais eram vencidas ao mesmo tempo. À medida que Deus os conquistava, eles conquistavam Deus. À medida que Deus prevalece sobre nós, nós prevalecemos com Deus.

Se pudéssemos vir a entender que essa aparente dificuldade é uma necessidade divina e, na própria essência das coisas, uma fonte de bênção incalculável, teríamos muito mais disposição e alegria de coração para nos dedicarmos à persistência na oração. A dificuldade que o chamado à importunação coloca no nosso caminho é um dos nossos maiores privilégios.

Na vida natural, as dificuldades chamam para fora e desenvolvem as potencialidades humanas como nenhum outro processo ou fator consegue. A educação, por exemplo, nada mais é do que o desenvolvimento diário da mente, disciplinando-a através do desafio de novas dificuldades apresentadas ao aluno, que ele precisa superar. No instante em que uma lição ficou fácil para ele, é necessário que avance para uma que seja mais elevada, com maior grau de dificuldade. É quando encontramos obstáculos e os superamos que nossas realizações mais valiosas são produzidas.

Na comunicação com Deus, não é diferente. Se o filho de Deus só precisa ajoelhar-se, fazer um pedido e levantar-se com a resposta na mão, que prejuízo incalculável resultaria à vida espiritual! A dificuldade e a demora que requerem oração persistente é que são responsáveis pela verdadeira riqueza e bem-aventurança da vida celestial. É ali que descobrimos quão pouco prazer temos na comunhão com Deus e a pobreza da nossa fé nele. Percebemos como nosso coração ainda está preso à terra, insensível espiritualmente, quase destituído do Espírito Santo de Deus.

Somos confrontados com nossa própria fraqueza e indignidade e aprendemos a permitir que o Espírito de Deus ore através de nós. Começamos a tomar o nosso lugar em Cristo Jesus e a permanecer nele, como nossa única súplica ao Pai. É lá que nossa vontade própria, nossa força e nossa bondade são crucificadas. Lá também somos ressuscitados em Cristo para novidade de vida, toda nossa vontade dependendo de Deus e focada em sua glória. Louvemos a Deus, portanto, pelas dificuldades e pela necessidade de oração importunadora como um dos meios preferidos de Deus para nos conduzir à graça.


Pense por um pouco no que o próprio Senhor Jesus recebeu através das dificuldades que encontrou no seu caminho. No Getsêmani, parecia que o Pai não o queria ouvir; ele, então, orou com mais intensidade, até que foi ouvido (Hb 5.7). No caminho vivo que abriu para nós, ele aprendeu a obediência através das coisas que sofreu e, dessa forma, foi aperfeiçoado (Hb 5.8,9). Sua vontade foi entregue a Deus, sua fé em Deus, provada e fortalecida, o príncipe deste mundo, com todas suas tentações, vencido.


É este o novo e vivo caminho que ele consagrou para nós. É na oração persistente que andamos com Jesus e tornamo-nos participantes do seu próprio espírito. Oração é um dos meios para sermos crucificados, sendo participantes da cruz de Cristo, entregando nossa carne à morte. Ó cristãos, não nos envergonhamos da nossa relutância em sacrificar a carne, a vontade e o mundo, para nos dedicarmos à oração persistente? Não devemos aprender a lição que tanto a natureza quanto Jesus querem nos ensinar? A dificuldade da oração importunadora é o mais alto privilégio que podemos ter. As dificuldades a serem superadas nela são responsáveis pelas mais ricas bênçãos.


Extraído de “The Ministry of Intercession” (O Ministério da Intercessão), de Andrew Murray.

terça-feira, 9 de março de 2010

Deus Precisa de Intercessores...

O texto a seguir foi extraído e editado de uma mensagem ministrada numa conferência do Comitê Nacional de Oração da América em janeiro de 2007 no Texas, EUA.


Há diversas passagens na Bíblia – em Jeremias, Ezequiel e Isaías – nas quais Deus diz que precisa de um homem. Em Jeremias 5.1, ele diz que se tivesse achado um homem que amasse a verdade e praticasse a justiça, ele teria perdoado toda a cidade de Jerusalém dos seus pecados. A história de Abraão se encaixa aqui. Em Gênesis 18, Deus é o Salvador no começo do capítulo e é Juiz no final. Na parte intermediária está Abraão, entre o Deus Juiz e o Deus Salvador. Por alguns instantes, o destino de duas cidades significativas, Sodoma e Gomorra, repousava sobre uma pessoa. Deus estava dizendo: “Se eu puder encontrar uma única pessoa...”


Em Ezequiel 22.30, Deus estava procurando por uma pessoa que se colocasse na brecha e restaurasse o muro de tal modo que não fosse preciso destruir a cidade de Jerusalém. Uma só pessoa pode fazer uma diferença para Deus. Você não precisa ter uma mega-igreja. Neste capítulo, o profeta estava falando sobre a cidade santa, onde o rei se valia de sua posição para vantagem pessoal e para tratar seus súditos com crueldade. Os governantes usavam sua posição para obter ganhos pessoais. Os sacerdotes não faziam mais distinção entre o sagrado e o profano. Isso não se parece com a nossa situação atual?


Todos nós conhecemos o começo de Isaías 59: “Eis que a mão do Senhor não está encolhida, para que não possa salvar; nem surdo o seu ouvido, para que não possa ouvir”. Não há nenhum problema com Deus; ele está perfeitamente apto. O problema está conosco.


“As vossas iniqüidades fazem separação entre vós e o vosso Deus; e os vossos pecados esconderam o seu rosto de vós... porque as vossas mãos estão contaminadas de sangue, e os vossos dedos de iniqüidade; os vossos lábios falam a mentira, a vossa língua pronuncia perversidade.”

Do que ele está falando? Sobre o povo de Deus, sobre a cidade santa e a nação escolhida, o povo eleito. Isso é alarmante, não é?


Mas, graças a Deus, há uma esperança um pouco adiante: “Olhou o Senhor [para Jerusalém] e indignou-se com a falta de justiça. Ele viu que não havia ninguém, admirou-se porque ninguém intercedeu...” Ele não encontrou um homem sequer, portanto “seu braço lhe trouxe livramento e a sua justiça deu-lhe apoio” (Is 59.15,16, NVI).


Observe mais uma vez estas palavras: “Ele viu que não havia ninguém, admirou-se [ou “ficou estarrecido”] porque ninguém intercedeu”. Há dois fatos chocantes nessa passagem. Um é que a onipotência está buscando ajuda. O outro é que o onisciente está estarrecido. Eu creio que ele sabia dessa situação de antemão, mas ainda assim ficou estarrecido.

Será que uma só pessoa pode fazer uma diferença? De que tipo de pessoa Deus precisa? Ele estava buscando um intercessor, alguém que pudesse intervir. A raiz da palavra usada aqui no hebraico é “encontrar”. Em outras palavras, Deus procura por uma pessoa que provoque o encontro de duas pessoas que estejam separadas.


O que podemos fazer para levar Deus e a sua solução ao encontro dessa enorme necessidade na Igreja? Ele procura por alguém que possa provocar o encontro dele e da sua suficiência com a necessidade da Igreja – ou seja, por um intercessor.



Cristo, Nosso Intercessor


Isaías 53.6 diz: “Todos nós, tal qual ovelhas, nos desviamos, cada um de nós se voltou para o seu próprio caminho...”. Está aí a essência do pecado. Temos a tendência de pensar do pecado como uma violação da lei (o que realmente é), mas antes de violarmos a lei, tomamos uma decisão dentro de nós para nos desviarmos para o nosso próprio caminho. Em qual caminho você está andando? Está olhando para Jesus e para o seu rosto ou está decidindo seguir o seu próprio caminho?


A essência do pecado e da pecaminosidade do homem é de ficar centrado em si mesmo. A verdade é que nós não somos o centro; o ego é um centro falso. Isso me ajuda a entender o que é expiação. É uma purificação dessa estrutura de referência voltada para nós mesmos. Nós somos tão pecaminosos e tão centrados em nós que Deus não tem como nos alcançar a não ser apelando para nosso egocentrismo. Ele diz: “Você quer ir para o inferno?”. Se eu digo: “Não!”, então ele diz: “Você precisa de mim”.


Quando eu começo a voltar do meu caminho e me abro, ele, a única pessoa que não é egocêntrica, entra e começa a fazer uma reviravolta dentro de mim. A redenção de alguém sempre começa dentro de uma outra pessoa. É assim que se passou a história de Isaías 53.6: “Todos nós nos voltamos para o nosso próprio caminho, e o Senhor colocou sobre ele [Jesus] a iniqüidade de todos nós”. No hebraico, literalmente, seria assim: “Deus fez convergir sobre ele [Jesus] a iniqüidade de todos nós”.

Em 1950, a revista Time publicou uma reportagem sobre um caso médico na Califórnia. Um menino de 9 ou 10 anos havia apresentado um problema grave nos rins. O seu corpo ficou infeccionado por causa de um rim doente. Quando o segundo rim ficou infeccionado, as condições de saúde do menino se deterioraram rapidamente. A equipe médica chamou o pai e a mãe e lhes disseram: “Não há nada que possamos fazer com os recursos da medicina atual para salvá-lo”.


Os pais perguntaram: “Não há nada que nós possamos fazer?”


Os médicos responderam: “Bem, tivemos uma idéia absurda – algo que nunca foi tentado antes. Teoricamente deve funcionar, mas como nunca foi feito até agora, não sabemos se vai dar certo ou não. Pensamos que se pudéssemos encontrar alguém cujo tipo sanguíneo combinasse com o dele, e se pudéssemos ligar os dois corpos de tal modo que o sangue do menino doente pudesse fluir dentro da pessoa sadia e passar pelos rins dela, voltando depois para o corpo do garoto doente, pode ser que os rins do seu filho obtenham alívio suficiente para se recuperarem por si mesmos.”

Ambos os pais disseram instantaneamente: “Examinem o nosso tipo sanguíneo”. O tipo de sangue da mãe não combinava, mas o do pai, sim. Então o pai disse: “Vamos em frente”. Os médicos o colocaram na mesa de cirurgia ao lado do filho e ligaram os dois corpos. Para seu espanto e alegria, a temperatura do menino começou a cair e a do pai, a subir; depois que as duas temperaturas se encontraram, nivelaram-se e, em seguida, começaram a cair.


Depois de o pai e o filho ficarem com temperatura normal por algum tempo, os médicos desligaram os dois corpos. Passados cerca de nove dias, eles liberaram o garoto, que voltou para casa e, provavelmente, ainda está vivo. Já o pai foi mantido sob observação por mais uns dois dias. No décimo primeiro dia, sua pressão arterial subiu de repente, a temperatura disparou – e ele morreu.

Desde que tomei conhecimento dessa história, a cruz e a expiação assumiram novo significado para mim. Todos nós, como ovelhas, nos desgarramos. Cada um de nós se voltou para o seu próprio caminho, e Jeová fez com que se encontrassem em Cristo as iniqüidades de todos nós. Cristo tomou o meu pecado. Ele, que não conheceu pecado, se tornou pecado no meu lugar. Ele o tomou sobre si mesmo. A origem da salvação está nele, não em você nem em mim.

Em Isaías 59, o texto diz que Deus procurou um homem e não encontrou um sequer; por isso o seu próprio braço lhe trouxe a salvação. Eu tinha um conceito errado a respeito do braço do Senhor. Quando lia em Isaías 59.1: “...a mão do Senhor não está encolhida, para que não possa salvar....”, eu pensava: “Deus pode cuidar disso com o seu poder; ele pode impor a solução”. Mas qual foi minha surpresa quando vi a solução de Deus em Isaías 53: uma pessoa frágil, sem aparência ou poder, sofredora.


O braço do Senhor é a pessoa pendurada na cruz. Eu achava que o braço do Senhor era a pessoa no trono. Se você ler cuidadosamente de Isaías 40 a 66, verá que o braço do Senhor é o Salvador sofredor. A solução não é Deus trazer a salvação como imposição sobre a humanidade. A solução é nós lançarmos o nosso problema sobre ele, e o poder de Deus, suportá-lo. Ao tomar o problema sobre si mesmo, Jesus inverte a situação completamente, e a salvação acontece a partir dele exatamente como ocorreu no corpo daquele pai em favor do filho. Só que naquele caso o pai morreu. Já na intervenção divina, houve uma ressurreição. O que significa isso? Que a vida que está no Pai está fluindo perpetuamente para o Filho, assim como a vida do Filho está fluindo perpetuamente para o Pai.


Por isso Jesus podia dizer aos doze, quando os enviou: “Quem recebe a mim recebe meu Pai, e quem recebe vocês recebe a mim. Se rejeitarem vocês, vão deixar de me receber, e se deixarem de me receber, perderão igualmente a oportunidade de receber o Pai” (veja Mt 10.40). Quando percebi as implicações disso pela primeira vez, eu não queria tamanha responsabilidade. Eu queria dizer: “Isto é o que vocês devem fazer”, e não: “Eu estou identificado com esta mensagem, e o que você faz comigo é o que está fazendo com a mensagem”.


Isso quer dizer que precisa haver uma similaridade e uma identificação entre mim e a mensagem. Se houver um grande contraste entre a mensagem e a minha vida, então onde está Cristo? O Pai habita no Filho e, agora que Deus se tornou um homem, ele pode viver numa pessoa. Conseqüentemente, a nossa função é ser um canal aberto para a passagem do Espírito.


O Pai vem através do Filho. O Filho vem através de pessoas como eu e você. Jesus disse para os onze, para seus amigos e para as mulheres e crianças, em João 20.21: “Assim como o Pai me enviou, eu os envio”. E “se perdoarem os pecados de alguém, estarão perdoados” (v.23).

Em outras palavras: “Vocês são a chave para fazer a ligação entre mim e o mundo, assim como eu sou a chave entre o Pai e vocês”. O que torna tudo isso possível? O Espírito Santo. O Espírito Santo que está no Pai e no Filho entra em mim e compartilha o fluir da vida de Deus, que é a única vida que produz resultados.



Suportando a Carga de Deus Junto com Ele


Há uma história muito comovente sobre Amy Carmichael, uma missionária britânica que foi para a Índia por volta de 1895. Lá conheceu a situação das meninas do templo. Quando um pai morria, queimavam o corpo da esposa também porque acreditavam que o homem precisaria dos serviços dela na outra vida. Com isso, as crianças ficavam órfãs. Os meninos não eram problema porque logo produziam renda, mas quem queria as meninas? Por isso davam as meninas para os deuses e as colocavam nos templos onde se tornavam prostitutas.


O coração de Amy Carmichael ficava angustiado ao ver essas meninas de doze ou treze anos servindo como prostitutas nos templos. Ela começou a lutar para tirá-las de lá. Conseguiu realmente tirar algumas de lá, e estava tão determinada no seu intento que o sacerdote do templo ficou preocupado e foi procurar os homens de negócio indianos. Estes foram falar com comerciantes ingleses influentes, que, por sua vez, procuraram os missionários ingleses e lhes disseram que uma pessoa do seu grupo estava criando problemas.


Os missionários ingleses procuraram Amy e disseram: “Você terá de parar com isso”. Ela perguntou: “E as meninas?”, e eles disseram: “É verdade, isso é trágico, mas você está criando problemas e vai acabar nos prejudicando”.

Naquela ocasião, ela estava lutando para tirar uma garota dessa vida no templo. Ela achava que o sacerdote principal do templo, sendo um homem religioso, certamente teria decência e compaixão; aos poucos, porém, foi entendendo através da expressão implacável nos seus olhos e das linhas inflexíveis do seu rosto que, para ele, a menina era um meio de ganhar dinheiro e que não abriria mão dela.

Sentindo que todos estavam contra ela, Amy foi para seu quarto, uma simples moça missionária solteira, pôs-se de joelhos e disse: “Deus, esse problema não é meu. Já fiz tudo que pude e não está dando certo. Não é mais o meu problema”.


Imediatamente ela viu o Senhor. Ele não estava ajoelhado debaixo de uma oliveira no Oriente Médio. Ele estava ajoelhado debaixo de uma árvore indiana, enquanto dois rios de lágrimas escorriam pela sua face. De repente, fixou o seu olhar penetrante em Amy e disse: “Amy, o problema não é seu. É meu. Só estou procurando alguém que me ajude a suportá-lo”.


“Certamente ele tomou sobre si as nossas enfermidades [angústias], e as nossas dores [tristezas] levou sobre si” (Is 53.4). Jesus as suportou – tomou-as para si mesmo. Lembre-se da história de Abraão, antes de Deus destruir Sodoma e Gomorra, como ele disse: “Esconderei de Abraão o que estou para fazer?” (Gn 18.17). Foi assim que Abraão foi levado a interceder.


Esse entendimento mudou a minha vida. A única esperança para alguém que está sob minha responsabilidade é que o seu problema se torne o meu problema, de tal forma que eu o carregue dentro de mim. Quando isso acontece, não é meu problema realmente, é problema de Deus. Você recebe uma carga que pesa no seu coração. Você não consegue dormir tão bem como antes, começa a acordar várias vezes durante a noite. É uma profunda preocupação com um filho, uma criança, uma igreja, um membro da igreja, um amigo, um país. É uma carga, um peso no coração.

Uma voz interior diz: “Eu lhe dei o privilégio de compartilhar o fardo que está no meu coração por um mundo perdido”. É a isso que a epístola de Romanos se refere quando fala a respeito do Espírito Santo (Rm 8.26-27) que entra no indescritível sofrimento do coração de Deus e gera em nós um fardo que se expressa por gemidos inexprimíveis. Ele permite que entremos nisso. Tenho o privilégio de compartilhar a dor do seu coração. Há tremendo potencial nisso.


Deus disse para Amy Carmichael: “O fardo realmente é meu, e estou procurando alguém que queria compartilhá-lo comigo”. Percebeu a conexão? Se você cortar um fio elétrico, as luzes se apagam. É preciso estabelecer a conexão. De alguma forma, os relacionamentos interpessoais formam a conexão; quando ela não existe, acontece Sodoma e Gomorra.

Eu preciso começar a minha oração dizendo: “Deus, onde é que me queres neste cenário? Onde é que me encaixo?” Não sou responsável por todos. Sou responsável por aqueles que Deus colocou sob meu encargo.



O Amor Divino Capacita a Suportar


Voltando a Isaías 59, vimos que quando Deus não encontrou um intercessor, quando não achou um homem, ele mesmo se tornou um. Foi assim que “seu próprio braço lhe trouxe a salvação” (v.16). Será que eu também quero fazer parte da resposta? A única maneira em que posso fazer parte da resposta é participando do problema.

“Pois o amor de Cristo nos constrange, julgando nós isto: ...ele morreu por todos, para que os que vivem não vivam mais para si mesmos, mas para aquele que por eles morreu e ressuscitou” (2 Co 5.14-15). Este é o amor de Cristo, não amor humano.


Lemos em Romanos 5.5: “Porque o amor de Deus é derramado em nossos corações pelo Espírito Santo...”. Observe as quatro palavras “o amor de Deus”. Quem está amando quem? Não podemos dizer. Pode ser Deus amando a mim, ou pode ser o meu amor por Deus. Há um mundo de diferença entre os dois. Há uma diferença entre a maneira de Deus amar e a nossa maneira de amar? Quanta diferença? O amor de Deus só é maior do que o meu? É diferente na quantidade ou na qualidade?

A palavra comum no grego para “amor” não foi usada uma vez no Novo Testamento. Eros era o termo mais comumente usado para incluir qualquer coisa que fosse bonita, boa e verdadeira, além de ser utilizado para o amor entre um homem e uma mulher. Aristóteles chegou a dizer que é o amor que mantém os planetas nas suas órbitas.


Quando estavam escrevendo o Novo Testamento, os autores usaram uma palavra muito difícil de ser encontrada no grego clássico. Usaram essa palavra porque não tinha nenhum significado especial. O substantivo ágape e o verbo agapao descrevem o amor de Deus, o sujeito, a origem do amor. “Porque Deus amou ao mundo de tal maneira...” (Jo 3.16).

Qual é a natureza do mundo para que Deus o amasse? O amor de Deus não é baseado na natureza do mundo; é baseado na natureza de Deus. É quem ele é, alguém que emana amor continuamente. Ele não ama por aquilo que nós somos, mas por causa de quem ele é. Não é que ele não nos valoriza. Ele aprecia o que somos. Porém amor ágape é o que você recebe na cruz: “Pai, perdoa-lhes...” Amor ágape é o que Estevão demonstrou.


O amor de Deus deve nos encher com sua plenitude. É por isso que Paulo fala tantas vezes sobre plenitude. O plano de Deus é que sejamos cheios dele. Quando somos cheios da natureza de Deus, isso nos faz perder nossa liberdade? Não, é justamente lá que está a liberdade. A pessoa mais livre que já viveu nesta terra foi Jesus. Ele dizia: “Não faço nada por mim mesmo. Só posso fazer aquilo que vejo meu Pai fazer. Não vim para fazer a minha vontade; vim para fazer a vontade do meu Pai”. Ele sentia pleno prazer e alegria nisso. É lá que encontro minha liberdade, minha plenitude, minha realização – a plenitude de Deus preenchendo todo o meu ser.


1 Coríntios 13 é chamado o capítulo do amor. Sempre pensei que esse capítulo me ordenava a amar. No entanto, não há nele uma ordem para amar. O texto só descreve como é o amor. “Ainda que eu fale as línguas dos homens e dos anjos, se não tiver...” Observe: “se não tiver”, não “se não fizer”. Ágape não é uma coisa que você faz. É algo que você recebe. Conforme minha percepção, esse é o significado da graça. O que Jesus disse no último dia da grande festa em João 7 foi: “Se alguém tem sede, venha a mim, e beba... do seu interior fluirão...” O verbo é fluir. Quando esse amor flui para dentro de uma pessoa, logo vai romper para fora; quando isso acontecer, o rio de amor vai fluir para outra pessoa, que, então, vai ter de se abrir ou se fechar para o rio.


De um modo ou de outro, a intercessão ajuda a abrir o caminho para o amor fluir de Deus, através de nós, para uma outra pessoa. Isso acontece mesmo que a outra pessoa não saiba nada a respeito daquele que está intercedendo nem da oração que ele fez. Observe as conversões e verá que em algum lugar alguém se ofereceu como um ponto de contato. Ninguém chega sozinho ao Reino. Todos nós entramos por meio de redes de relacionamentos. Eu gosto disso! Faz com que pertençamos um ao outro. É uma teologia maravilhosa, que se encaixa perfeitamente com a vida prática. Somos interligados uns com os outros.


Deus precisa de intercessores. Quem se disporá?


Dennis Kinlaw é o fundador da “Francis Asbury Society”, sediada em Kentucky, EUA. Participou de um avivamento na Faculdade Teológica de Asbury em 1970, da qual era presidente na época. Mais informações no site: www.francisasburysociety.com/kinlaw.htm