Sem conhecer a verdade bíblica se
torna difícil detectar as heresias. Ouça este conselho: não coma pela mão dos
outros, mas examine você mesmo se o que o seu pastor prega está de acordo com a
Palavra. Se você não estiver devidamente preparado para esse exame, consulte
outros irmãos.
Pastores e demais líderes evangélicos
começam a demonstrar preocupação diante das extravagâncias que estão surgindo
nos púlpitos brasileiros. A cada dia que passa surgem novas práticas anti e
extrabíblicas. Não uso, como alguns, o eufemismo de classificar esses
descaminhos de "modismos". Coloco-os no rol das heresias.
As críticas que antes corriam apenas
à boca pequena, agora tomam corpo e são divulgadas em sites de expressão. A
Igreja Evangélica já não pode calar diante de tamanha irracionalidade. Não
desejamos ser julgados pelo pecado de omissão. O povo brasileiro precisa saber
que tais tolices, como a seguir exemplificamos, estão à margem do Evangelho que
nos foi ensinado por Jesus. Na verdade, se trata de um outro
evangelho.
Em detrimento da Palavra,
multiplicam-se os púlpitos festivos. Luzes, coreografias, encenações
inusitadas, objetos ungidos e mágicos, entrevistas com demônios, amuletos, e
outras mercadorias, tudo é válido no desvario em que se envolvem pregadores e
ouvintes.
A impressão que se tem é que o
evangelho, da forma que foi anunciado pelos apóstolos nos primeiros tempos, já
não serve para os dias atuais. Falar de pecado, arrependimento, perdão e
santidade se tornou antiquado, obsoleto, repreensível. É preciso entreter os
ouvintes, apresentar uma nova atração a cada semana, tudo semelhante ao que
vemos na sociedade consumista. Mas o que é preciso mesmo, e com urgência, é
botarmos a boca no trombone e denunciar o que estão fazendo com o
evangelho.
Ovelhas há que já perderam a noção do
que é ser cristão. Não sabem sequer por que Jesus morreu.
Têm o dízimo como meio de obter
bênçãos espirituais e materiais. Não conhecem o evangelho da renúncia, da
resignação, do sofrimento, do carregar a cruz, do contentar-se com o pouco.
Certa vez conversando com um jovem neopentecostal, ele disse: "Se sirvo a Jesus,
quero ser rico, ter uma boa casa e carro importado". Os anos se passaram e nada
disso aconteceu. Ele e seus pais pararam de ofertar e estão com a fé em
declínio. É o que está acontecendo: gazofilácios cheios, pessoas vazias. O pai
desse jovem me revelou que entrou nessa porque acreditou nas entrevistas que
falam de riqueza fácil. Agora ele percebe que os que estão mais pobres não são
convidados a falar de sua pobreza.
São de arrepiar os relatos que se
encontram no site do pastor Ricardo Gondim. É difícil de acreditar que um grupo
de cristãos, liderados pelo pastor, alugue um helicóptero e, com dezenas de
litros de óleo, passe a ungir a cidade do Rio de Janeiro, derramando uma caneca
de óleo aqui, outra ali. Fico a meditar como o líder conseguiu envolve irmãos de
boa fé nesse projeto inusitado. O óleo da "unção" deve ter caído em lugares
pouco recomendáveis para o mister, tais como animais mortos, fezes e valas
fétidas.
Mais incrível é o uso de urina para
demarcar território. Essa você não vai acreditar. Está no referido endereço. Em
Curitiba, um grupo de irmãos, liderado pelo pastor da igreja, entendeu que
deveria demarcar seu território com urina, como fazem os leões e lobos. Após
beberem muita água para encher bem a bexiga, seguiram para pontos estratégicos
da cidade e passaram a URINAR. Quando li a notícia, pensei que a palavra
estivesse errada. Talvez fosse REUNIR. Mas era urinar mesmo. Foram horas e horas
urinando. O comboio de veículos parava em pontos preestabelecidos, e, ali, a um
sinal, um deles aliviava a bexiga. Ora, esse tipo de lógica poderá levar irmãos
a situações mais degradantes ainda. Degradantes, patéticas e irracionais. Algum
irmão desse grupo poderá descobrir que determinada espécie animal demarca seu
território com suas próprias fezes. Certamente não atentaram para o contido no
Art. 233 do Código Penal que trata da prática de "ato obsceno em lugar público",
e estipula a pena de detenção de três meses a um ano, ou multa. A jurisprudência
indica que a micção em lugar público configura o crime previsto no referido
Artigo, ainda que não haja intenção de vulnerar o pudor público.
Pelas perguntas e respostas a seguir
é possível comparar o evangelho de ontem com o de hoje.
Após ouvirem a pregação de Pedro, muitos, compungidos, perguntaram: "Que faremos?" Pedro respondeu: "Arrependei-vos", e cada um de vós seja batizado em nome de Jesus Cristo" (At 2.37-38). A resposta, hoje, seria: "Participe das campanhas, faça o sacrifício do dar tudo, e seja próspero".
Atendendo à curiosidade de Nicodemos, Jesus disse: "Quem não nascer de novo, não pode ver o reino de Deus" (Jo 3.3). A resposta no outro evangelho: "Seja dizimista fiel". Se alguém perguntasse a Tiago o que deveria fazer para livrar-se dos encostos, ele prontamente diria: "Sujeitai-vos a Deus; resisti ao diabo, e ele fugirá de vós" (Tg 4.7). A resposta do evangelho festivo seria: "Use sal grosso, sabonete de descarrego, vassouras, fitas, colares, cajados, pedras, e seja dizimista fiel".
Após ouvirem a pregação de Pedro, muitos, compungidos, perguntaram: "Que faremos?" Pedro respondeu: "Arrependei-vos", e cada um de vós seja batizado em nome de Jesus Cristo" (At 2.37-38). A resposta, hoje, seria: "Participe das campanhas, faça o sacrifício do dar tudo, e seja próspero".
Atendendo à curiosidade de Nicodemos, Jesus disse: "Quem não nascer de novo, não pode ver o reino de Deus" (Jo 3.3). A resposta no outro evangelho: "Seja dizimista fiel". Se alguém perguntasse a Tiago o que deveria fazer para livrar-se dos encostos, ele prontamente diria: "Sujeitai-vos a Deus; resisti ao diabo, e ele fugirá de vós" (Tg 4.7). A resposta do evangelho festivo seria: "Use sal grosso, sabonete de descarrego, vassouras, fitas, colares, cajados, pedras, e seja dizimista fiel".
Se o pecado do rei Davi - adultério e
co-autoria num homicídio fosse nos dias de hoje, a culpa seria do encosto que
estaria nele. Uma série de exorcismos, cinqüenta quilos de sal grosso, uma dúzia
de sabonetes seriam necessários para pôr o encosto em retirada. Às indagações
sobre como ter o necessário à vida, Jesus respondeu: "Não pergunteis que haveis
de comer, ou que haveis de beber, e não andeis inquietos. Buscai antes o reino
de Deus, e todas estas coisas vos serão acrescentadas" (Lc 12.29,31). A resposta
no evangelho da prosperidade: "Toque no lençol mágico".
O Apóstolo Paulo confessa que "orou
três vezes ao Senhor" para que o livrasse de um espinho na carne. Mas o Senhor,
em vez de atendê-lo, respondeu: "A minha graça te basta, pois o meu poder se
aperfeiçoa na fraqueza". Reconhecendo a vontade soberana de Deus, Paulo se
conforma e continua com seu espinho. E declara: "Portanto, de boa vontade me
gloriarei nas minhas fraquezas", pelo que "sinto prazer nas fraquezas, nas
injúrias, nas necessidades, nas perseguições, nas angústias por amor de Cristo.
Pois quando estou fraco, então é que sou forte" (2 Co 12.7-10). A orientação
para esses casos, nos púlpitos festivos, é a seguinte: "Exija de Deus seus
direitos".
Sofredores como o Apóstolo, o servo
Jó e muitos outros desconheciam esse caminho "legal" para exigir direitos
assegurados. Pedir, do grego aiteõ, sugere a atitude de um suplicante que se
encontra em posição inferior àquele a quem pede. É esse o verbo usado em João
14.13 - "E tudo quanto pedirdes em meu nome..." - e 14.14 – "Se pedirdes alguma
coisa em meu nome, eu o farei". "Pedir", do grego erõtaõ, indica com mais
freqüência que o suplicante está em pé de igualdade ou familiaridade com a
pessoa a quem ele pede, como, por exemplo, um rei fazendo pedido a outro rei.
"Sob este aspecto, é significativo destacar que o Senhor Jesus NUNCA usou o
verbo aiteõ na questão de fazer um pedido ao Pai", por ter dignidade igual
Àquele a quem pedia. (Jo 14.16; 17.9,15,20 - Fonte: Dic. VINE). Por essas e
outras, há muita gente confundindo alhos com bugalhos.
Repassa-se a idéia de que crente não
deve chorar nem passar por qualquer tipo de sofrimento. Crente deve ser
próspero. A verdade, por muita desconhecida, é que a fidelidade a Deus não nos
garante uma vida livre de dores, aflições e sofrimento. Dizer que aos crentes e
fiéis dizimistas está garantia uma vida de flores, sem lágrimas, sem luta
espiritual, sem aperto financeiro, é conversa para boi dormir. Jesus disse que
seus seguidores deveriam carregar sua própria cruz, caminhar por um caminho
apertado e passar por uma porta estreita "No mundo tereis aflições; na verdade
todos os que desejam viver piamente em Cristo padecerão perseguições" (Jo 16.33;
2 Tm 3.12). Era da vontade de Deus que Paulo pregasse o evangelho em Roma.
Apesar de sua fidelidade a Deus, os caminhos lhe foram difíceis. Enfrentou
provações várias, naufrágio, tempestade, prisões.
Não podemos fazer ouvidos moucos à
zombaria e piadas em torno desse "outro evangelho". As pessoas tendem a nivelar
todas as Igrejas Evangélicas pelo que vê na televisão, ou pelo que vê num ou
outro culto. Eu pensaria da mesma forma se não fosse evangélico. É preciso
esclarecer a opinião pública sobre o que diz a Bíblia a respeito de cada nova
idéia extravagante. Que se façam ouvir as vozes e o protesto dos líderes que
defendem a pregação de um evangelho livre de heresias e
irracionalidade.
Sem conhecer a verdade bíblica se
torna difícil detectar as heresias. Ouça este conselho: não coma pela mão dos
outros, mas examine você mesmo se o que o seu pastor prega está de acordo com a
Palavra. Se você não estiver devidamente preparado para esse exame, consulte
outros irmãos.
Autor: Pr. Airton Evangelista da Costa
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